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Vacinar ou Não Vacinar?

Atualizado: 4 de abr. de 2020



Atualmente deparamo-nos com uma pandemia a nível global, um surto com distribuição geográfica internacional muito alargada e simultânea – COVID-19. Posto isto, um dos temas que tem sido mais abordado nos media, redes socias e internet, são as vacinas. Mas será que nós, enquanto comunidade, temos conhecimento suficiente sobre este procedimento e os seus efeitos no nosso organismo?


Antes de aprofundar este tema, queremos colocar-lhe uma questão!



Sabe quando foi criada a primeira vacina no mundo?



A história da vacina iniciou-se no século XVIII, quando o médico inglês Edward Jenner utilizou a vacina para prevenir a contaminação por varíola - uma doença viral extremamente grave que causava febre alta, erupções na garganta, dores de cabeça e no corpo, lesões na pele (pústulas que resultavam em cicatrizes) podendo até resultar na morte dos pacientes.


Jenner, em 1796, realizou uma experiência que permitiu a descoberta da vacina e, apenas dois anos depois, divulgou o seu trabalho - “Um Inquérito sobre as Causas e os Efeitos da Vacina da Varíola”, mudando, a partir daí, a ideia de prevenção contra doenças.


Durante a sua experiência, observou que algumas pessoas se contaminaram, ao ordenharem vacas, e chegou à conclusão de que tinham febre por alguns dias, mas curavam-se. Estavam imunizadas.


Mais tarde, foram preparados concentrados do vírus da varíola designando-os de Vacina.


A varíola foi a primeira doença infecciosa que foi erradicada por meio da vacinação. O vírus da varíola hoje é extinto, tendo resultado em 300 milhões de mortes mundialmente.


Quando se reflete sobre as grandes epidemias a nível mundial seria impossível deixar de destacar doenças como a Malária e a Ébola.


No desenvolvimento do estudo destas doenças, não foi possível criar uma vacina eficaz para o seu tratamento, apesar de inúmeras tentativas. No entanto, recorreu-se a alguns fármacos para as combater. Sem vacinas foi impossível erradicá-las, contabilizando-se milhões de mortes até aos dias de hoje.



E em Portugal?


Em Portugal o Programa Nacional de Vacinação (PNV) começou há 50 anos, com a vacina para a poliomielite, doença que ainda matava em Portugal. Desde então, esta medida salvou milhares de vidas e continua a orgulhar os serviços de saúde portugueses.




Já se informou como é produzida uma vacina?

Até chegarem à ponta de uma seringa, pela mão de um enfermeiro, as vacinas são submetidas por um longo processo de fabrico e uma complexa burocracia de comercialização.


A investigação e o desenvolvimento de uma vacina são processos morosos que, até à fase final, podem levar, em média, 10 a 15 anos. Cabe à indústria farmacêutica o desenvolvimento e a produção de vacinas.


Tudo começa com a seleção do antigénio que irá desencadear uma resposta imunitária do organismo. Pode ser utilizada uma amostra de um vírus ou de uma bactéria, que será cultivado em laboratório.


Os processos de produção das vacinas são diversos:


1) Enfraquecimento do microrganismo através de culturas sucessivas - vacinas contra o sarampo, rubéola e papeira;


2) Extração das partes do microrganismo que desencadeiam a resposta imunitária - vacina contra a meningite C;


3) Enfraquecimento da toxina que o microrganismo produz - vacina contra o tétano.


Podem ser adicionados agentes adjuvantes, que aumentam a resposta imunitária do organismo; estabilizadores, para garantir a eficácia durante o período de armazenamento; e conservantes, para impedir o crescimento de bactérias ou fungos.




Surge, então, uma questão fundamental: Sabe em que consiste uma vacina?


A vacina é uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida ativa para uma doença particular.

Geralmente, contém um agente que se assemelha a um microrganismo que desencadeia uma determinada doença.


As vacinas podem ser profiláticas, como por exemplo, para prevenir ou melhorar os efeitos de uma futura infeção, ou terapêuticas como é o caso das vacinas contra o cancro estão a ser desenvolvidas.


Desta forma, já é possível entender que a eficácia das vacinas está diretamente dependente do sistema imunológico dos indivíduos.



Surge, então, um conceito importante na compreensão da ação das vacinas: Imunidade.



Assim, podemos definir dois tipos de imunidade: inata e adquirida.

A imunidade inata é a nossa primeira linha de defesa. Esse tipo de imunidade já nasce com a pessoa, representada por barreiras físicas, químicas e biológicas. Por outro lado, a imunidade adaptativa é a defesa adquirida ao longo da vida, tais como anticorpos, podendo ser adquirida a partir de vacinas.


Sumariamente, a vacina constitui mecanismos que expõem o indivíduo ao agente patogénico visando a evolução das suas defesas. O antigénio escolhido para uma vacina deve ser, por isso, “imunogénico”, ou seja, deve desencadear uma reação imunitária e não a doença.




Como são autorizadas as vacinas?



Para uma vacina ser utilizada, é necessário um extenso processo, com diferentes fases ao longo de vários anos:


1) Fase inicial: investigação em laboratório e em animais;


2) Fase de ensaio em humanos: é constituída por 3 etapas em que, de acordo com os princípios éticos rigorosos, segurança e eficácia, as vacinas candidatas vão sendo progressivamente aplicadas a um maior número de indivíduos;


3) Fase após a introdução da vacina na comunidade: vigilância estreita da eficácia a longo prazo e do eventual aparecimento de reações adversas.




Quem escolhe as vacinas do Plano Nacional de Vacinação? E que entidades garantem a segurança das vacinas?



O Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi criado em 1965 e é um programa nacional, gratuito e acessível a todas as pessoas em Portugal. Como tal, o PNV tem objetivos bem definidos:

o Reduzir o número de casos de doença;

o Reduzir a circulação do agente;

o Reduzir o risco de infeção;

o Reduzir o número de indivíduos suscetíveis;

o Vacinar um elevado número da população de forma a atingir a imunidade de grupo.


De facto, é importante realçar que é a Direção-Geral da Saúde (DGS) que coordena toda a estratégia de vacinação do país e propõe as vacinas que devem integrar o Programa Nacional de Vacinação (PNV) — a partir de outubro de 2020 serão 11, para além da vacina contra a gripe e as do viajante.


Esta seleção é efetuada após um estudo da Comissão Técnica de Vacinação da DGS que avalia fatores como a epidemiologia das doenças existentes no país e o seu impacto, a qualidade das vacinas, a relação custo-benefício e a disponibilidade no mercado.


No entanto, as entidades que garantem a segurança das vacinas são a Agência Europeia do Medicamento (EMA), a nível europeu, e o Infarmed, a nível nacional. Ambas as instituições avaliam os dados dos ensaios clínicos e testes, garantindo a eficácia e segurança das vacinas. Uma vez aprovadas, podem ser comercializadas no mercado português: vendidas a farmácias ou às administrações regionais de saúde (ARS).



Será que o Parlamento tem algo a dizer? SIM!


O Programa Nacional de Vacinação (PNV) proposto pela DGS tem obrigatoriamente de ser aprovado pela Assembleia da República (AR). Neste processo, a Comissão Parlamentar de Saúde da AR deve ouvir a indústria farmacêutica e a Comissão Técnica de Vacinação da DGS.



Serão as vacinas um método efetivamente seguro?

Após vários anos de experiência e milhões de vacinas administradas em todo o mundo, comprovou-se que as vacinas têm um elevado grau de segurança, eficácia e qualidade.


Limitações?


A proteção oferecida pela vacina, por vezes, não é eficaz, uma vez que o sistema imunitário humano não consegue responder adequadamente ou simplesmente não responde.


A OMS afirma que a maioria das reações às vacinas é ligeira e autolimitada como dor, rubor local e sintomas gerais de febrícula e mal-estar inespecífico, mas são as raras reações graves como choque anafilático, alterações neurológicas e cegueira também estão descritas. Importa, no entanto, que estes efeitos sejam registados e alvo de avaliação contínua de farmacovigilância.


Estes resultados são divulgados tanto às entidades responsáveis como à população, consubstanciando o princípio ético da verdade, correspondente à transmissão de informação ao doente de forma total, livre de preconceitos e juízos de valor, apontando as suas vantagens e as desvantagens, não esquecendo os eventuais riscos.



Recusa da Vacinação

Muitos especialistas na área da saúde afirmam, com muitas certezas, que quem não é vacinado, acaba por ser um perigo para si e para a saúde pública, podendo provocar novos surtos da doença. Em Portugal, a taxa de vacinação é de 90%. No entanto, o atual desafio para o Programa Nacional de Vacinação centra-se em manter ou elevar as taxas de cobertura vacinal na infância superiores a 95%.


Na verdade, o indivíduo o deve de defender e promover a sua própria saúde e a dos outros, criando condições para a melhoria dos níveis de saúde da sociedade, nomeadamente através do contributo para o estabelecimento de uma imunidade de grupo que possa levar eventualmente à erradicação de outras doenças, como aconteceu com a varíola


Os indivíduos ou seus representantes legais podem recusar o ato de vacinação, bastando, para tal, uma declaração da sua vontade livremente assumida, que deverá ficar registada no respetivo processo clínico para cada vacina excluída.


Acresce uma discussão ética que indaga se a avaliação individual se sobrepõe à questão do coletivo, introduzindo-se o conceito da imunidade de grupo. O facto de uma proporção significativa de indivíduos estar imunizada para uma condição diminui o número de expostos em risco e consequentemente a incidência da doença.


Esta é uma questão ética em que a autonomia do próprio está condicionada pela perspetiva comunitária do bem comum.

No caso dos menores, legalmente incapazes para consentir até aos 16 anos, os pais ou tutores assumem a responsabilidade, tendo em atenção o dever de velar pela sua segurança e saúde.




Sabia que o nosso país tem altas taxas de vacinação e é uma referência no que toca à compra internacional de vacinas?



Portugal, um país com um mercado onde a procura supera a oferta, tem das mais altas taxas de cobertura vacinal em todo o mundo e é também o país da União Europeia (UE) com maior percentagem da população (cerca de 95%) a confiar na administração de vacinas, segundo um estudo da Comissão Europeia.


Para a obtenção destes bons resultados contribuem vários fatores, como a eficácia na implementação e gestão do Programa Nacional de Vacinação (PNV) e a qualidade da comunicação entre os vários interlocutores responsáveis por trazer as vacinas até ao cidadão comum.



E vacina para o COVID-19? O que é realmente verdade?

Retomando o tópico inicial do post, 2020 ficará, certamente, marcado por esta pandemia mundial. No âmbito deste trabalho, vamos tentar fornecer-lhe informações fidedignas relativamente à possível vacina para este vírus.


Segundo o Observador, a empresa Johnson & Johnson está a desenvolver uma vacina, que considera ser forte candidata a líder no combate ao coronavírus. A multinacional espera começar os testes em humanos já daqui a seis meses e, no início de 2021, acredita que o fármaco estará pronto a ser usado em situações de emergência.


Desde janeiro de 2020, quando foi sequenciado o genoma do SARS-CoV-2 que a multinacional deu o tiro de partida. Várias vacinas foram testadas até se identificar aquela que oferece maior garantias de produzir uma resposta imune durante os testes pré-clínicos. É nesse ponto que a investigação se encontra atualmente.


Se tudo correr bem, e dentro destes prazos, a companhia estima que em setembro de 2020 estará a dar início aos estudos clínicos de fase I, ou seja, ao uso do medicamento pela primeira vez num ser humano. Nesta fase, o fármaco é testado em voluntários saudáveis e sem a doença que está a ser estudada.


Relativamente ao tratamento da COVID-19, muitos cientistas têm testado desesperadamente uma série de vacinas.


Uma das vacinas que está, atualmente, em vista para o tratamento da COVID-19 é a vacina do Ébola, apesar de ainda não ter sido testada.


Outros estudos evidenciam que hidroxicloroquina, medicamento para a Malária, pode ser testada contra o coronavírus. No entanto, ainda não é possível afirmar que o uso deste medicamento seja eficaz no tratamento da COVID-19.


Se ficou com curiosidade e pretender obter mais informações sobre esta vacina que está a ser desenvolvida nos EUA e sobre os possíveis tratamentos para a COVID-19, pode consultar as notícias disponibilizadas no separador “Notícias & Artigos Científicos” do nosso blog.

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